Principais Tendências do Mercado de Saúde Brasileiro
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Maior mercado de saúde da América Latina e com alto potencial de expansão, o Brasil apresenta um vasto campo de investimento. Neste artigo exploramos as principais tendências, desafios e oportunidades desse mercado. Realizamos o levantamento com base no estudo “Principais teses em saúde - passado e futuro no Brasil”, que compreende os principais movimentos no setor de saúde no Brasil e no mundo.
Entre 2012 e 2021, em todo o mundo foram realizados cerca de 43 mil deals do tipo M&A em saúde. Em todos esses anos, Estados Unidos e Canadá foram responsáveis pela maior faixa de participação, com ampla vantagem, seguida da Europa. Nessa mesma série histórica, o Brasil realizou 380 operações dessa natureza. Enquanto no cenário global, esses deals foram 64% PEs e 38% Corporativos, no Brasil o formato PE foi predominante, representando 65% das negociações. Ao inserir dados mais recentes, entre 2019 e 2022, foram realizadas 185 operações, sendo 62% Corporativo e 38% PE.
De 2012 a 2015, Provedores ocupavam 38% dos deals. Passaram para 50% nos dois anos seguintes e, entre 2019 e 2022, chegaram à marca de 54%. No setor de HCIT, há uma conjuntura interessante, pois de 2016 a 2018, quando obteve 18%, sofreu uma baixa em relação à participação nos deals dos anos anteriores, que era de 21%. Porém, de 2019 a 2022, a participação voltou a crescer, passando a representar 32% dos deals (ver Figura 1).
A partir dessa perspectiva geral, passemos a pormenorizar os aspectos mais relevantes de cada setor.
Perspectivas Futuras para MedTech
Poucos deals nos próximos anos, dado baixo número de fabricantes locais capazes de competir com inovação e com produtos asiáticos de baixo custo;
Crescimento de acordos de licensings, com distribuidores buscando alternativas no mercado internacional, em especial para devices;
Maiores players nacionais em odontologia podem buscar mercados externos, mas movimento é restrito e de execução complexa;
Movimentos de avanço na cadeia de odontologia, com players ampliando a oferta, em especial em consumíveis e alinhadores invisíveis.
Perspectivas Futuras para Farma
Manutenção do interesse de PEs pelo setor, mas com deals limitados, dados altos múltiplos e baixo número de ativos à venda com escala;
Deals de portfólio devem seguir fortes conforme MNCs se especializam em segmentos específicos – veículos específicos, como Cellera e M8, podem se beneficiar do movimento;
Empresas nacionais podem explorar M&As para desenvolver novas avenidas de crescimento, entre elas a expansão internacional;
Potencial consolidação de adjacências da indústria (ex: distribuidores de insumos, embalagens primárias e secundárias).
Ainda nesse segmento, vale a pena observar que os altos custos e o crescente tempo de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) empenhados na busca por novos insumos para o setor têm exercido forte impacto sobre a quantidade de M&As entre farmacêuticas e biotechs nas últimas décadas.
Já em comparação com o mercado dos EUA, no Brasil há menos players que realizam inovações, o que se justifica pela falta de infraestrutura para pesquisa e desenvolvimento, bem como menores perspectivas de retorno do investimento empregado. Assim, a alternativa mais comum para players brasileiros são deals de portfólios em fim de vida, alavancando moléculas já consolidadas e com custo de desenvolvimento amortizado, para buscar novos ângulos de geração de receita.
Perspectivas Futuras para Distribuição
Menor atividade de M&A de consolidação, considerando que o setor passou por movimentos agressivos nos últimos anos;
Tendência de movimentos inorgânicos, mas em menor escala, para expansão na cadeia de serviços e distribuição para elos descentralizados;
Importação e licensing como potenciais avenidas de crescimento rápido de receita que poderão ser exploradas via M&A pelas maiores empresas;
Potencial deals para oferta de operação logística; mas, caráter oportunista dada escala dos grandes players.
Perspectivas Futuras para HCIT/Digital
A curto prazo, os investimentos de M&A em healthtechs por parte de fundos, bem como rodadas de financiamento, devem desacelerar;
A longo prazo, a expectativa é que o mercado cresça e siga as dinâmicas observadas nos EUA, respeitando os distintos níveis de maturidade. Há expectativa de estabilização do cenário político-econômico e de avanço da digitalização em saúde, aspectos que sinalizam a manutenção dos investimentos a longo prazo;
Em comparação com os EUA, o Brasil exibirá oportunidades em novos modelos de prestação de serviços. Soluções de gestão de ciclo de receita, ERP para saúde, prontuário eletrônico, comunicação e workflow e gestão de dados devem ganhar força nos próximos anos.
Perspectivas Futuras para Provedores
Avanços para novos elos da cadeia; a expectativa é de desaceleração da consolidação, com M&As oportunísticos;
Crescimento de serviços descentralizados de diagnóstico, explorando modelos de point-of-care em farmácias, ambientes ambulatoriais e outros locais não convencionais;
Deals de tecnologia devem ganhar força, seja para aumentar eficiência operacional ou assertividade de processamento;
Eventual grande deal em L2L para competir com fusão Fleury + Hermes Pardini, com DB como principal target.
Conforme fica claro no estudo, o mercado de saúde brasileiro apresenta diversas tendências e desafios que merecem atenção. Esse estudo fornece uma visão mais clara e segura sobre as perspectivas futuras desse mercado. É essencial que players e stakeholders acompanhem de perto essas tendências para tomar decisões estratégicas informadas. Assim, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do setor de saúde no Brasil, visando o melhor aproveitamento dos recursos investidos, como também a promoção da saúde e bem-estar da população.
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